Maternidade adotiva e agosto dourado: desafios e beleza de amamentar sem ter gerado

A maternidade adotiva é uma experiência de amor profundo, que vai muito além da gestação biológica, não é? Ela é a prova de que o vínculo entre mãe e filho não depende apenas do corpo, mas de presença, afeto e entrega. 

Ainda assim, muitas mães adotivas se deparam com um desafio que costuma estar no centro da maternidade tradicional: a amamentação.

E é justamente neste contexto que o Agosto Dourado, mês dedicado à promoção do aleitamento materno, convida a gente a ampliar o olhar. A campanha, que tem o dourado como símbolo do “padrão ouro” da amamentação, destaca não só seus benefícios nutricionais e imunológicos, mas também sua potência afetiva. 

Conheça meus serviços

Para mães adotivas, o tema ganha contornos ainda mais delicados e profundos, pois amamentar é possível, sim, mesmo sem ter passado pela gestação, embora o caminho envolva preparo, apoio e, muitas vezes, reinvenção.

Mas, antes, vamos entender...

O que é o Agosto Dourado e por que ele importa para todas as maternidades?

O Agosto Dourado é uma campanha nacional dedicada à conscientização sobre a importância do aleitamento materno. Como mencionado no início do artigo, a cor dourada representa o “padrão ouro” da amamentação, um alimento completo, afetivo e insubstituível nos primeiros meses de vida do bebê. 

Ao longo do mês, instituições de saúde, profissionais e famílias se mobilizam para promover o aleitamento como um direito de todas as crianças e um gesto de cuidado profundo das mães.

Mas o que muitas vezes passa despercebido é que o Agosto Dourado não precisa — e não deve — ser exclusivo das mães biológicas. Ele também é um momento de visibilidade para todas as formas de maternar, incluindo aquelas construídas pela via da adoção. Afinal, o leite é uma forma de nutrir, mas o amor é o que sustenta de verdade.

Para mães adotivas, o Agosto Dourado pode ser um convite: para conhecer possibilidades, buscar apoio, entender seus direitos e, acima de tudo, se sentir pertencente a esse espaço. 

A amamentação adotiva existe, é possível, e deve ser acolhida com o mesmo respeito e valorização. E mesmo quando ela não acontece, o vínculo se constrói: no colo, no cuidado e na presença.

Celebrar o Agosto Dourado, portanto, é também celebrar o amor que se oferece, em tantas formas, a cada bebê que chega, seja por nascimento ou por adoção. Vamos entender um pouco mais.

Realidade da amamentação para mães adotivas

Para muitas mães adotivas, a amamentação aparece como um dos maiores desafios da maternidade, especialmente pela ausência da gestação. No entanto, o que nem todas sabem é que, sim, é possível amamentar mesmo sem ter engravidado, sabia?

Existem algumas formas de fazer isso. Vou te contar:

Indução da lactação

A indução da lactação é uma técnica que permite à mãe adotiva produzir leite, mesmo sem ter passado pela gestação. Essa prática envolve o uso de medicamentos e hormônios, que estimulam as glândulas mamárias a produzir leite.

• Medicamentos e hormônios: o processo pode ser realizado com a administração de medicamentos específicos que estimulam a produção de leite.

  
  

• Técnicas de extração de leite: após a indução, a extração manual ou com bomba de leite também é uma prática importante para garantir a produção contínua.

  
  

É fundamental que a indução da lactação seja feita com o acompanhamento médico adequado, garantindo que o processo seja seguro e eficaz tanto para a mãe quanto para o bebê.

Leite materno doado

O leite materno doado é uma excelente alternativa para mães adotivas que desejam amamentar, especialmente quando a indução da lactação não é uma opção ou não funciona de forma ideal.

• Bancos de leite humano: o leite doado vem de bancos de leite humano, locais especializados que garantem a segurança alimentar e a adequação do leite às necessidades do bebê.

  
  

• Segurança alimentar: o leite materno doado é rigorosamente testado para garantir que não haja risco para a saúde da criança. Ele é pasteurizado e armazenado de forma adequada.

  
  

Essa opção tem se mostrado uma solução eficaz e segura, permitindo que a mãe adotiva possa proporcionar ao seu filho os benefícios do leite materno, fortalecendo ainda mais o vínculo entre ambos.

Benefícios da amamentação: para a mãe e para o bebê

A amamentação, seja realizada pela mãe biológica ou adotiva, oferece uma série de benefícios tanto para a mãe quanto para o bebê. Esses benefícios vão além da nutrição e envolvem aspectos emocionais, físicos e de saúde para o bem-estar de ambos.

Para o bebê:

• Nutrição completa: o leite materno é a fonte mais completa de nutrientes para o bebê, proporcionando todos os elementos necessários para seu desenvolvimento saudável nos primeiros meses de vida.

• Fortalecimento do sistema imunológico: o leite materno contém anticorpos que ajudam a proteger o bebê contra infecções, fortalecendo seu sistema imunológico.

• Vínculo afetivo: o ato de amamentar promove uma conexão emocional profunda entre mãe e filho, essencial para o desenvolvimento emocional da criança.

• Desenvolvimento cognitivo: estudos indicam que crianças amamentadas tendem a ter um melhor desenvolvimento cognitivo e desempenho intelectual ao longo da vida.

Para a mãe:

• Benefícios psicológicos: a amamentação libera hormônios como a oxitocina, que ajudam a reduzir o estresse e promovem uma sensação de bem-estar, criando uma experiência emocionalmente gratificante.

• Redução do risco de doenças: a amamentação pode reduzir o risco de doenças como câncer de mama, câncer de ovário e doenças cardíacas em mulheres.

• Facilidade na recuperação pós-parto: amamentar também ajuda o útero a se contrair de volta ao seu tamanho normal após o parto, auxiliando na recuperação física pós-parto.

• Fortalecimento do vínculo: amamentar cria um laço de afeto e segurança, o que é fundamental tanto para o bem-estar emocional da mãe quanto para a construção de um vínculo saudável com o bebê.

Esses benefícios mostram que a amamentação vai além da nutrição, afetando diretamente a saúde e o bem-estar tanto da mãe quanto do bebê, e deve ser vista como uma prática essencial, independentemente da forma como ela acontece.

Acolhimento às mães adotivas na campanha do Agosto Dourado

Criado para promover a amamentação e os benefícios do aleitamento materno para a saúde infantil, o Agosto Dourado busca sensibilizar a sociedade sobre a importância do leite materno no desenvolvimento das crianças, especialmente nos primeiros anos de vida. 

A campanha, respaldada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Ministério da Saúde, destaca a contribuição do aleitamento para a nutrição, proteção e fortalecimento do vínculo afetivo entre mãe e filho.

No entanto, é fundamental que o Agosto Dourado também reconheça e inclua todas as formas de maternidade, incluindo a maternidade adotiva. As mães adotivas, embora não tenham o vínculo gestacional com seus filhos, estão juntas no cuidado, afeto e desenvolvimento emocional das crianças. 

Mesmo diante dos desafios de não ter vivenciado a gestação, muitas delas buscam formas de nutrir e criar laços afetivos com seus filhos, seja por indução da lactação, leite materno doado ou outras alternativas alimentares. Esses gestos, além de fornecer nutrição, representam uma construção emocional e afetiva que é igualmente valiosa e significativa.