Não é ajuda, é parceria: o papel dos pais na criação dos filhos
- Greyce Ferreira
- 10 de jul.
- 4 min de leitura
Durante muito tempo, a figura paterna foi associada apenas ao papel de provedor. Mas isso tem mudado e para melhor, com os debates sociais que têm ganhado cada vez mais força.
Hoje, mais parceiros têm se envolvido de forma ativa, afetiva e presente na criação dos filhos.
A paternidade ativa não é “ajudar” a mãe: é reconhecer que cuidar, educar, nutrir e acolher também é responsabilidade de quem compartilha a vida e a parentalidade.
Essa transformação impacta diretamente o bem-estar da mãe e o desenvolvimento da criança, porque criar um filho é, acima de tudo, uma construção conjunta.
Vamos conversar mais sobre isso?

O que é paternidade ativa?
A paternidade ativa, ou melhor, a parceria ativa na criação, é um conceito que vem ganhando força à medida que mais pessoas reconhecem que criar filhos é uma responsabilidade compartilhada.
Mais do que estar presente fisicamente, trata-se de se envolver emocionalmente, participar das decisões, cuidar e nutrir o vínculo com a criança desde o início da gestação até a vida adulta.
Historicamente, o parceiro era visto como o "chefe da família", responsável pelo sustento financeiro, enquanto os cuidados com a criança ficavam a cargo da mãe. Esse modelo, além de sobrecarregar um lado da equação, limitava a potência do vínculo familiar.
Hoje, com as novas configurações de família e um olhar mais atento à saúde emocional, essa ideia tem se transformado. O envolvimento do parceiro é visto como parte essencial da parentalidade e não como um “extra”.
Por que a participação do parceiro na educação é importante?
A criança que cresce cercada de cuidado e afeto de diferentes figuras parentais desenvolve maior segurança emocional e autoestima. Quando as pessoas que exercem função parental estão presentes de forma genuína, a criança percebe que pode contar com mais de um adulto de confiança. Isso reflete diretamente em seu desenvolvimento cognitivo e social.
Além disso, crianças que convivem com modelos de parceria equilibrada tendem a replicar esses valores no futuro, valorizando o diálogo, a escuta e o respeito mútuo.
Não é apenas uma questão de dividir tarefas, mas de cultivar presença afetiva, o que se reflete em vínculos mais saudáveis e duradouros.
Benefícios para o desenvolvimento emocional e cognitivo da criança:
Mais segurança para explorar o mundo ao redor
Maior empatia e consciência emocional
Estímulo ao raciocínio, à fala e à criatividade
Exemplos de impactos positivos da presença ativa:
Crianças com menos sinais de ansiedade e insegurança
Melhor desempenho escolar
Maior habilidade para lidar com frustrações e resolver conflitos

O que significa, na prática, ser um parceiro presente?
Participar de forma ativa na criação não exige fórmulas prontas. O que faz a diferença é o compromisso genuíno com o bem-estar da criança e da pessoa que a acompanha de perto.
Isso envolve estar presente nas pequenas rotinas e nos grandes desafios, com afeto, responsabilidade e disposição para aprender.
Participação em rotinas escolares e cuidados diários
Ir às reuniões da escola, preparar a lancheira, organizar a mochila, ajudar na lição de casa. Também dar banho, trocar fraldas, colocar para dormir. Tudo isso não é tarefa de “ajuda”, mas de corresponsabilidade.
Parceiros que se envolvem nesses momentos constroem laços únicos com os filhos e também fortalecem a relação com quem materna.
Diálogo, afeto e escuta ativa
A escuta é um dos gestos mais potentes em uma família. Ouvir com atenção, acolher sentimentos e abrir espaço para conversas sinceras mostra para a criança (e para a mãe) que ela não está sozinha. Afeto e presença se expressam no olhar, na paciência, no toque, na validação de emoções.
Divisão equilibrada de tarefas com a mãe
Na prática, isso significa negociar, ajustar rotinas, rever prioridades. É entender que as necessidades da criança e da mãe não são invisíveis.
Ao dividir a carga física e emocional da parentalidade, o parceiro não apenas contribui, mas se transforma também. Afinal, estar presente de verdade muda todo o percurso da família.

Como abrir espaço e construir, juntos, uma parentalidade compartilhada
A presença ativa do pai na criação dos filhos não depende apenas da iniciativa dele. Muitas vezes, ela também precisa de espaço, seja para errar, aprender, experimentar e fazer do seu jeito.
Em muitas famílias, a sobrecarga e o acúmulo de tarefas fazem com que a mãe acabe centralizando os cuidados, mesmo sem perceber. Mas criar filhos é uma tarefa coletiva, e permitir que o parceiro exerça seu papel de pai é parte fundamental dessa construção.
Essa abertura não significa abrir mão do cuidado, mas reconhecer que maternidade e paternidade não precisam ser espelhos e sim complementares.
O que sustenta uma parceria não é a simetria exata, mas o compromisso mútuo com o bem-estar da criança e o respeito pelas diferenças na forma de cuidar.
Confiança: o primeiro passo para dividir de verdade
O pai pode não preparar a lancheira como você prepararia, nem vestir a criança com a combinação mais “certinha”. Mas esses gestos são oportunidades de criar vínculo, não testes de perfeição.
Quando a mãe confia e permite, o parceiro deixa de ser coadjuvante e passa a fazer parte da rotina de forma significativa. É nesse espaço de autonomia que ele desenvolve seu próprio jeito de cuidar.
Deixe que ele descubra o caminho, mesmo com tropeços
“Ele não faz direito, então eu faço” é uma armadilha comum, que reforça desigualdades e impede o crescimento da parceria. Assim como qualquer pessoa que assume uma nova função, o pai precisa experimentar, errar e ajustar.
Validar seus esforços e abrir espaço para tentativas genuínas é uma forma potente de fortalecer a parentalidade conjunta e aliviar a carga de quem materna.
Repensar dinâmicas para fortalecer vínculos
Em vez de assumir tudo sozinha e depois cobrar participação, vale refletir: que espaço você tem oferecido para que esse pai participe? O quanto da rotina está sendo dividida de fato, com confiança, comunicação e corresponsabilidade?
Parceria não se impõe: se constrói no cotidiano, com diálogo e presença afetiva, mesmo que as formas de cuidar sejam diferentes.
É nesse caminho que a Mentoria Attraversiamo surge como uma possibilidade transformadora. Em oito encontros individuais, ela acolhe mulheres que buscam se reconectar com sua identidade após a chegada dos filhos, reconstruir vínculos com diálogo e respeito, e planejar seus próximos passos com mais clareza.
Ao fortalecer essa nova mulher que emerge da maternidade, a mentoria também repercute na relação, criando espaço para acordos mais conscientes, mais escuta entre o casal e uma parceria baseada em presença, corresponsabilidade e afeto.
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