Madrasta não é vilã: entenda o papel e os desafios da madrastidade
- Greyce Ferreira
- 4 de set.
- 4 min de leitura
Ser madrasta é vivenciar uma forma de maternar por via não biológica que carrega muitas nuances, sabia? Há muitos desafios, mas, também, muito afeto, aprendizados e transformações.
Por muito tempo, essa figura foi associada ao estereótipo da “madrasta má”, mas, na vida real, é tudo bem diferente: mulheres que escolhem se envolver no cuidado e na convivência com seus enteados.
Não é à toa que, no primeiro domingo de setembro, é celebrado o Dia da Madrasta, uma oportunidade de refletir sobre essa presença na vida das famílias, especialmente nas chamadas famílias reconstituídas, cada vez mais comuns.
Vamos conversar um pouco mais sobre isso?

Dia da Madrasta e sua importância social
Pouca gente sabe da data, mas existe um dia dedicado especialmente às madrastas. Essa celebração procura reconhecer e valorizar mulheres que, mesmo sem o vínculo biológico, assumem um papel fundamental na vida de seus enteados.
Diferente do Dia das Mães ou do Dia dos Pais, comemorados no segundo domingo do mês, o Dia da Madrasta é comemorado no primeiro domingo de setembro e evidencia um maternar vivido de forma singular, mas igualmente válido. É um momento de celebrar a convivência familiar e de dar visibilidade ao vínculo socioafetivo que tantas vezes se constrói nesse relacionamento.
Afinal, ser madrasta não é ocupar o lugar de outra pessoa, mas encontrar o seu próprio espaço de afeto e reconhecimento dentro da família.
“Madrasta” não vem de ser “má”
Quando ouvimos a palavra “madrasta”, muitas vezes associamos à figura de uma mulher má, como aquelas dos contos de fadas que marcaram nossa infância. Por isso, é comum que algumas pessoas a chamem de “boadrasta” quando ela foge desse estereótipo. No entanto, a palavra “madrasta” tem uma origem diferente, derivada do latim “mater”, que significa “mãe”, assim como “madrinha”. Ou seja, seu significado original não tem nada a ver com maldade.
Esse estigma da madrasta atravessou gerações e deixou marcas profundas na forma como a sociedade passou a enxergar esse papel nas famílias.
Mas a realidade do dia a dia mostra uma história bem diferente. Muitas madrastas exercem funções de:
Cuidado: participando da rotina, acompanhando escola, saúde e momentos importantes;
Parceria: apoiando tanto o companheiro quanto os enteados nas demandas familiares;
Afeto: construindo relações de confiança que, muitas vezes, se tornam laços para a vida inteira.
Isso significa que existem vínculos genuínos de amor e acolhimento. A ressignificação da madrasta acontece justamente quando entendemos que esse papel não precisa carregar o peso dos estereótipos familiares. Ele pode e deve ser vivido de forma saudável, leve e com muito sentido.
O grande desafio é continuar quebrando essa visão negativa e abrir espaço para a madrasta ser reconhecida pelo que realmente representa: uma mulher que escolhe participar da vida dos enteados e que, com sua presença, ajuda a transformar a ideia de família em algo cada vez mais inclusivo e plural.
Famílias reconstituídas e vínculos socioafetivos
As famílias reconstituídas são cada vez mais comuns. Elas surgem quando um dos parceiros traz para o novo relacionamento filhos de um relacionamento anterior, criando uma rede familiar ampliada.
Nesse cenário, a madrasta se torna parte da rotina dos enteados, encontrando formas de se integrar sem substituir a mãe biológica. A construção de confiança leva tempo e exige respeito aos vínculos já estabelecidos, mas abre espaço para algo muito bonito.
Esse termo traduz bem o que acontece em muitas dessas histórias. O amor que nasce da convivência, do cuidado e da disponibilidade. Não é o sangue que define a conexão, mas a presença, o afeto e a capacidade de criar um vínculo socioafetivo que pode ser tão forte quanto um laço biológico.

Desafios emocionais e sociais da madrasta
Dentro de tudo que abordamos até aqui, é compreendido que assumir o papel de madrasta nem sempre é simples. Muitas mulheres enfrentam comparações com a mãe biológica, resistência dos enteados, julgamentos de familiares e amigos, além da própria insegurança pelo vínculo com o relacionamento anterior, que perdura após o término.
Esses desafios de ser madrasta podem afetar a autoestima e até gerar dúvidas sobre como agir em determinadas situações. É comum que a madrasta sinta a pressão de corresponder a expectativas diferentes ao mesmo tempo.
Por isso, cuidar da saúde emocional se torna um ponto importante. Investir no autocuidado, praticar atividades que tragam bem-estar e buscar apoio, quando necessário, são formas de fortalecer a própria identidade nesse papel.
Ao mesmo tempo, viver a experiência de ser madrasta pode ser também um caminho de empoderamento feminino. Reconhecer o valor das suas escolhas, celebrar as pequenas conquistas na convivência familiar e não se cobrar perfeição são passos importantes para que esse lugar seja vivido com mais leveza.
Papel da madrasta no fortalecimento da dinâmica familiar
A presença da madrasta pode ter um impacto positivo na dinâmica familiar. Muitas vezes, ela se torna uma parceira no cuidado, ajudando na rotina, no apoio emocional e até na mediação de conflitos.
Esse envolvimento mostra que há muitas formas de amar e de ser família. O reconhecimento da madrasta não vem apenas dos títulos ou datas comemorativas, mas da construção diária de relações pautadas em respeito, confiança e carinho.
Quando madrasta e enteados conseguem se aproximar sem pressa, abrindo espaço para conversas e momentos de afeto, surgem histórias de amor além do sangue que transformam toda a família.
E é assim que, no Dia da Madrasta, celebramos todas as mulheres que abraçam essa caminhada de afeto, mostrando que a madrastidade se expressa no cuidado, no carinho e na presença.
Acima de tudo, celebramos o empoderamento feminino que surge quando cada madrasta encontra seu lugar, reconhece seu valor e transforma sua própria história junto da família que ajuda a construir.
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